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Ana Paula Peron

Reuniões com Potencial Explosivo: RPE

Você já participou de uma RPE? Provavelmente, sim!

RPE. Passei a adotar esse termo recentemente, ao observar o comportamento de equipes em várias empresas.


Uma RPE é uma “REUNIÃO COM POTENCIAL EXPLOSIVO”, ou seja, uma reunião polarizada, na qual as pessoas não se escutam e fazem o possível para fazer VALER A SUA IDEIA acima de tudo e de todos.


Então, pergunto novamente: Você participou de uma RPE nos últimos dias?

Confira 7 características de uma RPE:  

·     Há uma grande TENSÃO no ar

·     Existe um claro CONFLITO entre partes

·     Não há conversa, mas ATAQUES E DEFESAS

·     Pouquíssimas pessoas falam e POLARIZAM

·     O SILÊNCIO DA MAIORIA é flagrante

·     O AR parece estar PARADO

·     Os computadores, tablets e celulares estão ativos e RECADOS PRIVADOS rolam solto


Uma RPE termina normalmente com uma grande insatisfação da maior parte das pessoas, uma sensação de TEMPO PERDIDO, de inutilidade. De fato, é o que ocorre.

Em geral, em uma reunião desse tipo, quem fala mais alto leva alguma vantagem, o que é péssimo, pois isso evidencia um JOGO GANHA/PERDE, que pode não interessar para a coletividade.


Além disso, reflete exatamente a incapacidade das pessoas em conseguir lidar com conflitos, para TRANSFORMÁ-LOS em CLAREZA, PRODUTIVIDADE E OBJETIVIDADE. Toda polarização negligencia uma parte da verdade e minimiza os resultados.

Mas reuniões assim tendem a desaparecer. O caminho envolve desenvolver habilidades importantes para lidar com este tipo de situação tão comum e ao mesmo tempo desgastante.


São as HABILIDADES DO MEDIADOR. Você já ouviu falar delas?

Conheça a principal. Vou apresentá-la de forma bem prática, para que você possa experimentá-la:


Autoconhecimento!!! Sim, esta é a primeiríssima habilidade, a que mais influencia as demais, a fundamental. Acredite!

O que acontece dentro de você quando se vê num ambiente assim? Entre os dois extremos no qual (1) significa TEMER O CONFLITO (fugir de discussões) e (7) significa ADORAR O CONFLITO (gostar de discussões), qual número seria o seu perfil?


Se você teme o conflito, provavelmente VAI SE CALAR DIZENDO “sim” para os outros e não para si mesmo. Além disso, vai DEIXAR PASSAR questões importantes por não querer “briga”. E, também, pode “se fingir de morto” ou levar seu pensamento a outro lugar durante a reunião. Você já se percebeu em situações assim?


Se, na outra extremidade, você for do tipo “adoro uma boa briga”, provavelmente vai tornar cada fala do seu interlocutor uma “ISCA” PARA DISCUTIR QUEM TEM RAZÃO. Pode se tornar obsessivo por suas próprias ideias; e dará poucas chances para que o outro fale, tentando ganhar, em geral, no grito.


Entre estes perfis extremos, pense por alguns minutos como tem sido o seu comportamento e quais resultados tem obtido. Pode ser que, por falta de se conhecer melhor, você possa estar ENTRANDO EM ALGUMAS ARMADILHAS.


A DICA é: preste mais atenção ao que acontece dentro de você, quando está em uma Reunião com Potencial Explosivo.


OBSERVE a sua respiração, os seus batimentos cardíacos, a postura do seu corpo, suas tensões e posições desconfortáveis, o seu olhar, as suas mãos e, especialmente, o tipo de pensamentos que passam por sua cabeça, pois eles farão toda a diferença.


Ao prestar atenção em você, saiba que os seus sinais são captados pelos outros interlocutores, assim como você capta os deles. Ou seja, se você se perceber muito tenso, RESPIRE FUNDO algumas vezes e vá relaxando cada parte do seu corpo. Ao contrário do que você pode imaginar, isto pode durar pouco segundos.


Vale a pena investigar mais sobre si mesmo para que você possa adquirir MAIS CAPACIDADE de se colocar, apesar do medo e da ansiedade.


Excelentes reuniões são as que compõem as VERDADES PRESENTES EM SOLUÇÕES BENÉFICAS a todos.


Outro aspecto importante é a LEITURA DE CENÁRIO ou o que VOCÊ precisa COMPREENDER quando o clima esquenta, causando um desconforto imenso a muitas pessoas.


Depois de se observar atentamente e perceber como se sente em Reuniões com Potencial Explosivo, comece a observar o AMBIENTE ao redor e, também, os OUTROS PARTICIPANTES. É comum ficar preso ao conteúdo do que está sendo dito, às agressões ou aos argumentos superficiais ou mesmo aos silêncios. Entretanto, há mais, muito mais a se observar.


Por isso o meu convite é: vá para a ARQUIBANCADA!


Experimente estar nessa reunião como se estivesse assistindo a um jogo, sem torcer, apenas acompanhando atentamente a partida bem lá do alto. SUSPENDA SEUS JULGAMENTOS sobre quem está certo ou errado, quem ganhará ou perderá o jogo. E observe os movimentos, as expressões. Deixe-se acalmar e olhar além do que, de fato, está ocorrendo ali.


Krishnamurti, filósofo e educador indiano, dizia que:

“observar sem avaliar é a forma mais elevada de inteligência humana”.

Os julgamentos são absolutamente naturais de acontecer. Analisamos e julgamos o tempo todo, aprendemos a fazer isto por questões de sobrevivência, para conseguir escolher o que nos faria viver. Então, ao se dar conta que está julgando, suba mais um degrau de distância na “arquibancada”.


E, como um “técnico” que precisa analisar as jogadas e a tática, seja capaz de SEPARAR o que é o seu julgamento do que, de fato, está ocorrendo nesta reunião/jogo.


Você encontrará os sinais de que está julgando quando adjetivos vierem à sua cabeça – bom, ruim, fácil, difícil, melhor, pior, certo, errado... Advérbios de intensidade, como muito, pouco, suficiente, ou mesmo generalizações, entre elas, sempre, todo mundo, ninguém, nunca e, ainda, concordo, discordo, etc... Todos esses exemplos são manifestações de que você está julgando as pessoas ou situações na RPE.


Este lugar na arquibancada pode ser muito interessante – e ÚTIL! Você se afastará do calor da discussão, da torcida e do impasse, deixando os julgamentos de lado, por um instante, e encontrando um lugar de grande potencial de ANÁLISE E CRIAÇÃO DE SOLUÇÕES. E, se desejar MEDIAR a situação, este é o lugar mais precioso para você estar, um espaço para um aprendizado imenso.


Há um pensamento de Rumi, poeta sufi, que sempre me ajuda muito nesse momento:


“Para além do certo e do errado existe um campo, eu me encontrarei com você lá”.


Deste lugar, tente responder: em qual ponto da questão as duas partes ainda CONVERGEM e em qual ponto começa a divergência? Seu grande objetivo será entender os mecanismos que ajudam a intensificar os conflitos e as polarizações. Sim, são muitas as nuances que podemos perceber.


O que, para além do que está sendo dito, poderia ser este campo sem competição, onde seria possível encontrar um ou mais CONTEÚDOS COMUNS às duas partes, ampliando as possibilidades de resposta em direção aos pontos em comum.


Tenho acompanhando mudanças incríveis em organizações. Elas ocorrem quando as partes se dão conta que desejam coisas muito parecidas. Ficam surpresas em perceber que as polarizações faziam com que se desviassem do que era ESSENCIAL, favorecendo um franco embate com questões mais superficiais.


Retomando as Habilidades do Mediador. Primeiro, aprenda sobre você e quais são suas emoções e necessidades, nessa reunião e na relação com conflitos e divergências. Depois observe, suspendendo o julgamento, as partes mais polarizadas, buscando conhecer os pontos de convergência entre elas. Além disso, perceba como cada parte está se sentindo e quais seriam os desejos e necessidades mais profundos de cada um dos participantes.

Lembre-se de não ficar emaranhado, mas, sim, CONECTADO.


Outro pronto importante é a INTERVENÇÃO: Como posso ajudar a mudar o curso deste potencial explosivo?


Agora que você conseguiu SE PERCEBER no conflito e ADMINISTRAR SUAS EMOÇÕES e também conseguiu SUSPENDER SEUS JULGAMENTOS sobre quem está certo ou errado e OBSERVOU em quais pontos da questão as duas partes CONVERGEM e em qual ponto começa a divergência você pode atuar pedindo a palavra e dizendo que percebe que daquela forma não haverá entendimento e que, ao contrário, provavelmente a discussão poderá inviabilizar os resultados benéficos que vocês precisam daquela reunião. Pode dizer que se sente preocupado e que deseja apoiar o processo a partir de uma ação prática.


É importante compreender que toda polarização consiste em uma forma de restringir o conhecimento sobre a realidade e que, em geral, só serve ao status quo. O movimento de mediá-la é justamente, suspendendo temporariamente o julgamento, recolocá-la em um eixo de equilíbrio mais racional e promissor para resultados mais amplos.


Estressar os pontos de discordância leva as pessoas cada vez mais ao medo de perder, atuando a partir do sistema de “luta/fuga” e desta forma elas experimentam um desejo forte de endurecer a negociação para “garantir ganhos”, e as emoções tomam conta ativando mais defesas chegando a um ponto no qual a razão não tem mais vez.


Em algumas ocasiões você perceberá que as partes falam a mesma coisa a partir de um enfoque diferente, se ajudamos que o contrário aconteça, fazendo crescer a lista de possibilidades de convergência este medo vai dando lugar e espaço à negociação.


Daí você pode sugerir: Percebi que vocês concordam neste ponto, vocês notaram?


Você pode seguir perguntando: Em quais outros pontos vocês entendem que podem convergir também? Faça uma lista em um quadro e quando a lista estiver pronta, faça o mesmo com os pontos de divergência.


A ideia aqui é fazer a lista de convergências e ganhos crescer para que eles percebam os ganhos ampliados. Depois que isto ocorreu pode-se ir para a lista de divergências e minimizá-la até que eles se sintam confortáveis para construir acordos e compromissos baseados no que for possível, neste momento.


Você precisa estar alerta para se manter neutro, não dando razão ou desmerecendo um dos lados, é isto que lhe confere legitimidade para cuidar do processo.


Retomando as Habilidades do Mediador. Primeiro, aprenda sobre você e quais são suas emoções e necessidades, nessa reunião e na relação com conflitos e divergências. Depois observe, suspendendo o julgamento, as partes mais polarizadas, buscando conhecer os pontos de convergência entre elas. Além disso, perceba como cada parte está se sentindo e quais seriam os desejos e necessidades mais profundos de cada um dos participantes. A partir daí atue mediando positivamente, sugerindo um processo de fazer aumentar as possibilidades e ampliando as convergências antes de focar nas divergências, listando os ganhos e acordos.


Lembre-se de ficar no meio, o mediador deve se manter no MEIO, não toma partido, facilita o processo.


Que saber mais sobre como lidar com Reuniões com Potencial Explosivo? Escreva para mim.



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