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  • Ana Paula Peron

Conversas difíceis demandam coragem e autoconhecimento

Você adiou alguma CONVERSA DIFÍCIL, hoje? Preferiu protelar, para amanhã ou os próximos dias, aquele momento que reconhece ser muito importante para determinada relação, por medo de NÃO SABER ONDE IRÁ CHEGAR?


O querido Sidnei Soares, parceiro de trabalho por muitos anos, e eu sempre conversávamos quando tínhamos uma DIFERENÇA CLARA EM NOSSAS POSIÇÕES, INTENÇÕES E NECESSIDADES. E isso, cada vez mais, foi melhorando a nossa relação. Nós também sentíamos medo e insegurança e, por isso, cuidávamos da forma como conversávamos para que fosse a mais efetiva possível, revelando mais e mais de cada um de nós.


Aos poucos, percebemos que a confiança em nós mesmos e na relação aumentava. Era como se fizéssemos musculação e alongamento e nos sentíssemos mais fortes e flexíveis para INVESTIR EM MAIS AUTENTICIDADE. Além disso, nossa autoconfiança e a confiança na capacidade de nos relacionarmos ficava, especialmente, mais fortalecida.


Essas conversas ERAM UM PRESENTE para cada um de nós!


Sim, enfrentar conversas difíceis demanda um processo de fortalecimento. Ou seja, NÃO ACONTECE ESPONTANEAMENTE. É como se dedicar à musculação e aos alongamentos! Você paga um ano de academia e não vai às aulas... Depois, entende que precisa começar, vai, mas fica com dores, querendo desistir... Então, entende que precisa mesmo de exercícios e continua. Após algum tempo, percebe que está melhorando, ficando mais forte, se sentindo mais saudável e, principalmente, MAIS SEGURO DE SI E CONFIANTE PELA ESCOLHA E DEDICAÇÃO!


O caminho para enfrentar conversas difíceis é muito parecido à ida à academia.


Mas afinal, o que ocorre nas nossas relações? Muitas vezes, você diz algo querendo dizer outra coisa. E a outra pessoa escuta o que você disse, mas não o que você gostaria que, de fato, ela escutasse. E este movimento se repete também inversamente. Assim, O QUE NÃO É DITO E NÃO É OUVIDO ACABA POR ADOECER AS RELAÇÕES.


Em minha vida e nos meus trabalhos como mediadora, vejo situações como essas ocorrerem diariamente. Além disso, como dizem Douglas Stone, Sheila Heen e Bruce Patton, no livro “Conversas Difíceis – Como argumentar sobre questões importantes”, elas envolvem 3 DIÁLOGOS ao mesmo tempo:


Diálogo 1 – “Dos fatos”: O que de fato aconteceu? A maioria das conversas difíceis gira em torno de uma DISCORDÂNCIA SOBRE ALGO QUE REALMENTE ACONTECEU, fatos e dados reais. Em geral, com as pessoas querendo compreender quem está certo e quem está errado.


Diálogo 2 –Dos sentimentos”: Aqui é a parte na qual se manifesta, em geral, o que não foi dito ou, pelo menos, não foi dito de forma adequada. É sobre COMO AS PESSOAS SE SENTIRAM COM O QUE OCORREU, mas sem manifestarem tais sentimentos, pois se percebem inadequadas, temerosas de serem julgadas, expostas, etc. É o processo em que cada parte sente o que ocorreu e está ocorrendo. E, muitas vezes, os sentimentos são a chave para a compreensão e a resolução de um conflito.


Diálogo 3 – “Da identidade”: Este diálogo é interno e, a meu ver, o que mais interfere e importa. Trata-se de um conflito interno sobre você ser ou não bom/boa ou mau/má, competente ou incompetente, coerente ou incoerente, justo(a) ou injusto(a), digno(a) ou não de amor, AOS SEUS PRÓPRIOS OLHOS – e não aos olhos da outra pessoa. Refere-se ao impacto da conversa sobre a sua autoestima e autoconfiança e, também, o seu futuro e bem-estar. É uma conversa interna, da qual nem sempre você tem consciência.


O que torna uma conversa mais difícil é a RELAÇÃO ENTRE ESTES 3 DIÁLOGOS, que precisam ser mais autênticos e dizer mais sobre cada uma das pessoas envolvidas em uma relação ou conversa difícil.


Ouso afirmar que, por hábito, FOCAMOS NO PRIMEIRO DELES – nos fatos, contratos, verdades, em tudo o que é objetivamente claro -, quando O QUE REALMENTE FAZ A DIFERENÇA, para o resultado de uma conversa difícil, É AQUILO QUE ESTÁ EMBUTIDO NO SEGUNDO E TERCEIRO DIÁLOGOS. É isso que realmente importa para cada uma das partes e tem valor – e não quem está certo!


Por isso, tenho experimentado começar minhas conversas mais importantes, em ambientes seguros para mim, expondo o meu TERCEIRO DIÁLOGO, assim:


“Quero ter contigo uma conversa que é difícil para mim, pois temo ser interpretada como fútil, injusta, etc. Sinto medo por não ter controle de como terminaremos a conversa e entendi que nossa relação só poderá ser mais saudável quando enfrentarmos isto. Podemos tentar este caminho juntos?”


Começar a ler e refletir sobre CONVERSAS DIFÍCEIS e DIÁLOGOS é pagar a academia. EXPERIMENTAR de fato é ir à aula, ainda que você sinta dores musculares. Aos poucos, porém, você perceberá os resultados, ou seja, começará a se conhecer mais e a se fortalecer na autoconfiança, enfrentando circunstâncias nem sempre desejadas, mas relevantes para conseguir relações mais saudáveis e sustentáveis.


Lapidar, um caminho precioso para relações mais saudáveis e sustentáveis.

Ana Paula Peron

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