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  • Ana Paula Peron

Mediador: um humano entre humanos, em busca de SERvir!

A MEDIAÇÃO pode ser compreendida como um PROCEDIMENTO ou uma ABORDAGEM para apoiar pessoas em situação de conflito (mediandos) a encontrar caminhos para resolução e/ou transformação da mesma. Há vários tipos e instâncias nas quais este processo pode ocorrer.

Pessoalmente, compreendo que haverá sempre um formato mais adequado às diferentes demandas por esta abordagem, que tem como característica principal a voluntariedade das partes, ou seja, as pessoas precisam concordar em entrar em uma mediação.

E, neste contexto, o MEDIADOR É A PESSOA IMPARCIAL que organiza e favorece a interação entre os mediandos.

Eu poderia discorrer um bom tempo sobre o que é ser tecnicamente um mediador, falando sobre mim e minha idealização deste papel. Prefiro me arriscar e responder sem qualquer preâmbulo: “O MEDIADOR É UM HUMANO A SERVIÇO DAS PESSOAS”.

Estar na função de mediador É MANTER-SE NO MEIO. É NÃO TOMAR PARTIDO. É abster-se de dar respostas. É compreender que aquela história que está sendo vivida não lhe pertence. É uma atividade para FACILITAR A COMUNICAÇÃO DOS MEDIANDOS. É não ter uma agenda oculta ou um objetivo próprio.

Sua atribuição é PROPORCIONAR UM ESPAÇO SEGURO para uma COMUNICAÇÃO AUTÊNTICA ENTRE AS PARTES, favorecendo a mútua compreensão empática, a criação de múltiplas opções de solução e a construção de acordos executáveis que satisfaçam a todos. E também aceitar que, em alguns casos, não haverá qualquer acordo possível naquele momento.

Para mim, O MEDIADOR É UM HUMANO QUE ERRA, ACERTA, CHORA E SE ENDURECE. Um humano que tem necessidades, sonhos, poderes, inseguranças. Que sofre contágio emocional, sente raiva, se enreda, se confunde, se descuida... E mais um sem número de características que cabem a qualquer humano que deseja e se entrega ao trabalho com outros humanos.

Ao assumir esta missão, cabe ao mediador saber que SEMPRE SERÁ INCOMPLETO E CADA MEDIAÇÃO É A OPORTUNIDADE PARA FAZER DIFERENTE. E sempre é muito tempo. Cabe, ainda, admitir que existem armadilhas internas que o separam da clareza, da isenção e da neutralidade. E, principalmente, reconhecer e HONRAR O ESPAÇO SAGRADO DA DOR ALHEIA.

NEUTRALIDADE? ISSO NÃO EXISTE. É impossível para o cérebro humano deixar de ser influenciado, por isso, o mediador precisa fortalecer a capacidade de reconhecer o quanto está influenciado em cada situação e “SUSPENDER OS JULGAMENTOS” momentaneamente, para SER MELHOR PARA QUEM ESTÁ A SERVIÇO. E, inclusive, de não aceitar um trabalho quando se perceber identificado demais na história do outro.

É essencial sua SENSIBILIDADE E BUSCA por aprender a ser cada dia melhor. Conhecer-se mais profundamente e saber sobre suas imensas competências e capacidade de compaixão e discernimento.

Em cada mediação, terá a grande responsabilidade de tocar o humano. A disposição por APRENDER MAIS E MELHORAR SEU ESTADO DE PRESENÇA, e sobre os caminhos da mediação. Buscar se APRIMORAR NAS CAPACIDADES de escutar, fazer perguntas adequadas, distanciar-se, acolher, encontrar o equilíbrio. De separar, juntar, inovar, ousar, empatizar, aceitar, valorizar, acolher, silenciar, respeitar, tolerar, esperar, investigar, saber parar. E, PRINCIPALMENTE, DE SE DOAR.

Ter consciência e competência de buscar supervisão e apoio, pois vai possivelmente tratar de temas impactantes e sensíveis.

Como dizia Carl Jung, deverá “Conhecer todas as teorias, dominar todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, ser apenas outra alma humana”.

A postura do mediador deve ser a do aprendiz, que PRIMA PELA EQUIDADE, COMPAIXÃO E SERVIÇO AO OUTRO, com amor e fé no humano.

Termino esta reflexão convidando você leitor a se sensibilizar com um poema que me impacta sobremaneira e me mantém alerta para a beleza do não saber.

de R.D.Laing (Zweig/Abrams 1993)

“Nosso pensamento e nossa ação

são limitados por aquilo que não percebemos

E como não percebemos

que não percebemos

quase não temos a chance

de mudar coisa alguma –

até percebermos

como a não percepção

forma nosso pensamento e nossa ação.”


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