- Meu pai é MUITO TEIMOSO E RANZINZA, além de mal agradecido. Faço tudo por ele. Mas ele só reclama e me dá mais trabalho...
Quase como um desabafo, André (nome fictício) começou a falar assim, durante exercício para IDENTIFICAR COMPORTAMENTOS, SENTIMENTOS E NECESSIDADES das pessoas com as quais os participantes daquele Workshop viviam algum conflito.
Acolhendo a fala, perguntei: “E como você se sente nesta relação?”
- Devastado, cansado, desanimado, triste...
Era possível sentir a dor do rapaz expressa na resposta. E continuei: “E como o seu pai se sente?” Surpreso com a pergunta, André respondeu:
- Eu percebo irritação, cansaço, indignação, desânimo.
- “E qual é a sua necessidade, diante desse conflito?”
- Eu preciso de apoio, suporte, reconhecimento.
- “E o seu pai? O que ele verdadeiramente precisa?”
André pensou, pensou e de repente, me olhou, como quem descobre a mais profunda verdade. E afirmou: Morrer!
Então, contou que o seu pai era bem idoso, estava bem debilitado e, por isso, era obrigado a várias intervenções que o deixavam mal. O rapaz, por sua vez, brigava o tempo todo para que ele não atrapalhasse os cuidados. Mas o pai relutava e entrava em conflito com todos.
Olhando para André, falei:
“A morte, neste caso, me parece uma estratégia. O que ele conseguiria se morresse, na sua percepção? O que o seu pai realmente necessita?”
E, com clareza como há muito não tinha, ele respondeu: De paz!
Compreender a necessidade de seu pai, trouxe muita paz também para aquele filho e, provavelmente, para os próximos passos da relação entre eles. Ao final do Workshop, conversamos um pouco mais e André me disse que se percebia “transformado” diante daquela situação que o fazia sofrer há tempos.
Esta história me mostra como o EXERCÍCIO VERDADEIRO DE EMPATIA pode nos trazer respostas nutridoras. É fácil seguir esse caminho? Com certeza, não! Mas, certamente, pode ser libertador. EMPATIA É COMPREENDER O OUTRO, não é concordar com o outro. EMPATIA É UM EXERCÍCIO DE CONEXÃO, não de submissão.
Termino com um convite: pense em situações nas quais você compreender o outro trará benefícios para ambos. Boas reflexões!
Lapidar, um caminho precioso para relações mais saudáveis e sustentáveis.
Por Ana Paula Peron
Especialista em apoiar pessoas e organizações na construção de relações mais saudáveis e sustentáveis, a partir de processos mediativos.
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